27 Nov 2018 09:14
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<p>Como poderá um peixe vivo viver fora da água fria? Só mesmo se for uma sereia, e do tipo vivido por Isis Valverde em A Potência do Desejar, a trama das nove da Globo. Acredite se quiser: elas estão se espalhando pelo Brasil e pelas redes sociais, sob o rótulo do sereísmo, título dado a um padrão de modo que pra diversos ultrapassa o conceito de modinha. Há quem, e também uma grande cauda de peixe, incorpore no dia-a-dia hábitos que implicam um um contato mais excessivo não só com a água, porém com o meio-ambiente de forma geral. “O sereísmo tem toda uma filosofia”, prega Mirella Ferraz, a primeira sereia profissional brasileira, que diz permanecer irritada no momento em que chamam o sereísmo de moda ou embarcam nele só “para receber likes no Instagram”. “Tem que ter uma identificação com a água, se sentir feliz nela.</p>
<p>Ser muito ligada ao meio-recinto, ser ativista, adorar e aprender o universo das sereias. Não é só botar conchinha no cabelo”, dita os fundamentos a sereia que serviu de base pra Gloria Perez gerar Ritinha, a protagonista de Isis. “Eu nasci com afeto na água, uma fixação que não consigo explicar”, conta.</p>
<p>A fixação por sereias moldou os trinta e três anos de existência de Mirella, que fez escola de biologia marinha, para aprender golfinhos, e morou em lugares como Fernando de Noronha e no litoral baiano. O website tem por coincidência o mesmo nome dado ao estilo de vida dos amantes das sereias.</p>
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<p>“Eu escrevia textos de moda e já era comum utilizar ‘-ismo’ pra definir alguma universidade, como minimalismo. Redigindo um texto a respeito de estampas praianas, acabei de terminar pensando em sereísmo. Curti em tão alto grau do termo que usei no blog”, explica Bruna, que comanda a página perto com a amigo Camila Gomes. “Quando a moda surgiu e começaram a denominá-la então, eu fiquei surpresa.” O nome surgiu perto com o blog, já que, na mesma época, grifes como Chanel e Victoria’s Secret se inspiravam nesses seres lindos em seus desfiles mundo afora. Mas a virada em terras brasileiras aconteceu em 2015. “No mundo inteiro estava bastante popular, outras famosas internacionais começaram a recolher fotos com uma cauda, como Katy Perry, Paris Hilton, Lady Gaga fez shows e um clipe vestindo uma. Por aqui novas famosas quiseram copiar, como a Ivete Sangalo e a Adriane Galisteu.</p>
<p>Com isso, o povo começou a ver o sereísmo um pouco melhor, não como qualquer coisa de gente insana, e sim que é algo maravilhoso, interessante e que podes trazer magia pra tua vida”, explica Mirella. Outra prova da explosão do sereísmo está nos negócios de Mirella Ferraz, que confecciona e vende caudas.</p>
<p>Atualmente, ela comercializa de sessenta a 100 caudas por mês, a até 429 reais cada uma. No momento em que abriu o ateliê, em 2012, a sereia não chegava a vender nem sequer 10 caudas por mês, foi mesmo em 2015 que a maré virou. “Aumentou muito a busca, sem demora o estoque esgota todo mês. Antes, era só eu.</p>
<p>Hoje, e também mim e da minha mãe, que virou minha sócia no ateliê, tive que contratar mais quatro costureiras. Mirella diz nunca ter tido a ambição de — ou imaginado que poderia — transformar a sua paixão de menina em carreira, o que, por sorte, ocorreu naturalmente. Em 2003, aos dezenove anos, fez a primeira cauda. Ela precisou achar uma fábrica de neopreme de mergulho (tecido de borracha usado nos trajes do esporte aquático) e convencer a corporação a vender o produto, por causa de a fábrica só atendia pessoas jurídicas. Depois, precisou importar uma monofin, a barbatana especial para nado em apneia (técnica em que se usa a própria competência do pulmão de prender a respiração, sem a socorro de um cilindro de ar). “Minha cauda foi uma promoção.</p>
<p>Foi no momento em que me senti completa”, conta Mirella, que guarda até hoje a construção. Com a cauda, Mirella usou a internet para revelar os seus feitos como sereia. “Eu coloquei imagens na rede, e várias pessoas acharam interessado e começaram a se interessar, principalmente fora do Brasil. Porque, nesse lugar, o que é diferenciado é risível.</p>
<p>Neste momento, por exemplo, no Japão, você poderá sair vestido de anime e ninguém julga. Algumas pessoas acharam bom e começaram a vir expressar comigo, no entanto não achei que ia fazer em tão alto grau sucesso”, conta, modesta. A sereia começou a ter milhares de visualizações no Youtube, média que mantém até hoje em seu canal. E chamou a atenção da equipe do Impressionante, o dominical da Globo, que gravou uma matéria com ela no Aquário de São Paulo. O dono do ambiente a convidou para fazer apresentações regularmente, e desse modo a tua fixação virou profissão, e ela passou a se mostrar em aquários e parques aquáticos, até montar um ateliê de caudas.</p>